Livro DOR OROFACIAL E DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES: Tratamento Farmacológico
Ana Filipa Mourão, André Mariz Almeida, Claúdia Barbosa, Carolina Maria de Oliveira Roque, Carolina Venda Nova, David Sanz Lopez, Eduardo Grossmann, Eduardo Januzzi, Filipe Palavra, Gabriela Soares Videira, Jacinto Sanromán, João Fonseca e Costa, Joana Afonso Ribeiro, Joana de Jesus Ribeiro, Joana Pereira, Joanna Zakrzewska, José Ezequiel Pereira Barros, Júlio Fonseca , Maria Paço, Maged Zarif León, Miguel Moura Gonçalves, Pedro Gonçalves de Oliveira, Ricardo Dias , Ricardo Varela, Rui Araújo, Sérgio Antunes Félix,Teresa Lopes, Tiago Oliveira
Revista Dor
A dor crónica é comum e tem um importante impacto clínico, social e econômico. Devido à sua característica persistente, tem um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. Os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental no minimizar do impacto da dor na vida destes pacientes, através do correto diagnóstico, tratamento comportamental/ortopédico/farmacológico/cirúrgico e/ou psicológico.
// PREFÁCIO
A dor é uma experiência fundamental na vida do ser humano!
A Dor Orofacial pode ser definida não só como a dor que se localiza na região acima do pescoço, em frente da orelha e abaixo da linha de orbitomeatal, mas igualmente no interior da cavidade oral. Dos vários tipos de dores, as mais prevalentes são as de origem dentária ou os distúrbios temporomandibulares.
A dor não afeta só o doente; ela representa um desafio clínico, e um problema social e económico importante. Para além do impacto a nível económico, a dor crónica tem adicionalmente um impacto negativo na qualidade de vida do indivíduo. Por esta razão, o fardo que a dor impõe aos indivíduos e os enormes custos que a sociedade tem de suportar como resultado desta síndrome demonstram claramente a necessidade de um pensamento coletivo no processo de tomada de decisão quando se trata a Dor e, em especial, a dor crónica.
Até à data não existem dados precisos sobre a incidência das várias síndromes de dor crónica e quais os custos para a sociedade. No entanto, estão a ser realizados estudos em vários países sobre a magnitude do sofrimento devido à dor.
Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a Dor Orofacial é causada por doenças ou distúrbios de estruturas regionais, por disfunção do sistema nervoso ou através de dor a partir de fontes distantes.
O tratamento da Dor Orofacial é uma especialidade em Medicina Dentária em muitas partes do mundo e uma área emergente de especialização em outras áreas médicas, e não só. Os diagnósticos podem ser organizados em quatro grupos baseados nos respetivos mecanismos – dor subjacente a fatores músculo-esqueléticos, neuropáticos, neuro-vasculares, e psicogénicos. As guidelines elaboradas pela IASP em 2013, o Ano Mundial contra a Dor Orofacial, fazem referência a esses quatro mecanismos.
É importante um conhecimento da fisiopatologia da dor e dos mecanismos neurobiológicos subjacentes, caso contrário poderemos estar perante um diagnóstico inadequado. Tal poderá resultar num tratamento não eficaz e, o que é pior, no surgimento de complicações ou sequelas álgicas. Incumbe de igual modo ao dentista “especialista” em Dor Orofacial avaliar a necessidade de se efetuar uma abordagem multidisciplinar da dor, bem como proceder atempadamente à indicação dos especialistas mais adequados para o tratamento da situação em apreço.
São inúmeros os paradigmas para avaliar e tratar a Dor Orofacial com sucesso. A abordagem multidisciplinar da gestão de dor deve ser a opção preferencial, de forma a se conseguir o melhor tratamento dos distúrbios da Dor Orofacial, incluindo tanto as modalidades não farmacológicas como as farmacológicas, e é sobre a Farmacoterapia que este livro tenta apresentar, de um modo sucinto, a ação deste modalidade no tratamento ou alívio da Dor.
Novas e excitantes descobertas no campo da Neurologia e da Genética têm vindo a surgir e esperamos, num futuro próximo, pôr fim ao pesado fardo que é a dor, em especial as dores crónicas, entre as quais se encontram as cefaleias e as dores orofaciais.
Sérgio Félix
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